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A chave liga-desliga da solidariedade

20 set 2015 às 05:40
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Tivemos recentemente mais uma catástrofe natural. Um tufão passou pelo país e fez um estrago tremendo nas províncias de Tochigi e Ibaraki.
Com o rompimento de uma barragem, as águas invadiram as ruas causando danos materiais de pelo menos 40 milhões de dólares.
A chuva incessante dificultou o resgate das pessoas "ilhadas" e a divisão especial de salvamento precisou entrar em ação.
Essas catástrofes não são raras e acontecem todos os anos em alguma província. Aí o povo se une para prestar solidariedade, enviando dinheiro e materiais para ajudar os desabrigados, que normalmente ficam de maneira improvisada em ginásios esportivos das escolas ao redor.
As grandes empresas doam papel higiênico, alimentos não perecíveis, copos descartáveis, toalhas, fraldas, cobertores, colchões e outros materiais necessários para que os desabrigados consigam viver até que tudo esteja normalizado. Isso, às vezes, demora semanas e os custos são altos.
Nessas horas, empresas e população não medem esforços para ajudar o próximo. Bonito e necessário.
Mas o que acontece no cotidiano é muito diferente. No dia a dia, as pessoas quase não se falam, é cada um no seu canto cuidando da sua vida.
Os vizinhos não se conhecem, e frequentar a casa de alguém é praticamente impossível. Eles não se interagem e cada família vive somente para si.
Onde os japoneses se encontram são nas festas populares, muitas delas organizadas por comerciantes do bairro para atrair clientes e aumentarem as vendas.
Nessas festas as crianças recebem tratamento especial, há várias apresentações culturais de vão de danças típicas às musicas, sem esquecer da tradicional culinária. Nesses eventos o pessoal comparece em peso, cada qual carregando a sua família. A festa normalmente é realizada em algum espaço público como grandes praças ou parques.
Nesses momentos, a interação até acontece porque eles normalmente são do bairro, e se nunca se falaram, pelo menos já se viram.
Agora, passados essas festas, ninguém mais fala com ninguém, e muito menos freqüentam a casa um dos outros. É como se possuíssem uma chave liga-desliga de tentativa de fazer amizades.
Não existe também solidariedade ou interesse um pelo outro. Ninguém quer saber nada de ninguém vivendo fechadinho no seu mundinho.
Se você estiver necessitando de alguma coisa, de alguma ajuda, esquece porque não vai receber. Passados às festas ninguém mais fala com você. É somente nas grandes catástrofes que o pessoal fica solidário, e aparecem voluntários de tudo quanto é lado.
Às vezes fico pensando, até de maneira maldosa, se esses tufões, furacões, maremotos e terremotos acontecem para mostrar que as pessoas precisam se interessar uma pela outra. Chego a pensar que é um tipo de aviso, já que no dia a dia não existe interação, interesse em ajudar ou em saber como o vizinho está.
É comum ouvirmos notícias de que alguém desapareceu há um mês, e o carteiro desconfiado por perceber que as correspondências não estão sendo retiradas, chama a policia, e quando vai ver, a pessoa está morta faz um tempão.
Ninguém nota ou sente falta dessa pessoa mesmo que ela more a vinte metros uma da outra. É assim a vida por aqui, e acho que as catástrofes naturais são abundantes assim para ensinar que a solidariedade é necessária e que devemos nos importar com os outros em qualquer circunstância.

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