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Agradecimento aos imigrantes

29 jul 2018 às 08:24
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Entre os 781 japoneses que saíram do porto de Kobe e desembarcaram em Santos em 1908 haviam japoneses de várias regiões fugindo das mazelas da guerra. Muitos vieram iludidos achando que o Brasil seria "luz no fim do túnel", outros cientes das dificuldades que passariam do outro lado do planeta. Eram tudo o que eles tinham na época.
Já passaram 110 anos da imigração japonesa, e o motivo é de comemoração.
Eles vieram no escuro, sem saber a língua, os hábitos e a cultura tupiniquin. Muitos não sabiam sequer onde iriam morar. Quando chegaram nas fazendas para trabalharem nas lavouras, foi que a ficha caiu.
A esperança de construir um mundo melhor para seus familiares, os sonhos de riqueza foram ficando para trás, quando perceberam que nada cairia do céu, como prometido pelas autoridades japonesas. Vieram enganados pelos planfletos produzidos pelo governo, onde haviam promessas de futuro e felicidade.
Trabalharam em silêncio e com muita dignidade, evoluíram, muitos passaram de empregados a proprietários de terras, colocaram seus filhos para estudar.
Hoje são quase 2 milhões de descendentes que contribuem para o desenvolvimento do Brasil.
Tiveram influência na cultura, na culinária, nas artes marciais, na introdução de algumas frutas e até na pimenta do reino. Hoje, saborear um sushi, sashimi, beringela ou comer um caquí é graças aos japoneses imigrantes.
Acredito que meus pais também passaram por todo esse processo quando chegaram no Brasil.
Eles trabalharam na lavoura de café e depois vieram para São Paulo em busca de melhores oportunidades. Eu nasci na capital e tive o privilégio de estudar até me formar na universidade, enquanto meus pais haviam completado apenas o ensino fundamental.
Educação para eles era tudo. Pequeno fui inscrito numa academia de judô, e simultaneamente num curso de natação e numa escola de basquete. Dois meses depois, veio o professor de tênis. Segundo meu pai, era a maneira de gastar minhas energias numa coisa útil. Com os meninos da rua, eu jogava futebol. Com o vizinho passei a ir aos jogos de futsal. Meu caminho natural acabou sendo trabalhar com esporte e saúde. Tudo isso eu devo à eles, que vieram de um país cheio de regras, cheio de pensamentos homogêneos, de neve e terremoto, para encarar um desafio, que venceram de sobra.
O tempo e as condições brasileiras me levou a fazer o sentido contrário, e hoje, aqui do Japão, não posso deixar de lembrar e "homenagear" todos os 781 heróis que desembarcaram na terra do samba, futebol e cerveja. Pelo menos era assim que meus pais enxergavam o Brasil. Será que mudou alguma coisa desde aquele tempo?

Mirai - Futuro

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