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Máscaras - conceitos diferentes

21 abr 2020 às 11:40
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Recentemente estive conversando com algumas pessoas no Brasil e eles me falaram sobre uso de máscaras durante a pandemia do Covid-19. Alguns não sabia nem da existência desse apetrecho, e outros nunca haviam usados, mas que agora todos sabiam da necesidade de se protegerem.
Disseram também que o uso de máscaras no Brasil ficou praticamente obrigatório, e que o pessoal "olha torto” para quem não estiver com a bôca e o nariz coberto por aquele pedaço de pano ou papel.
Aqui no Japão o uso de máscara é frequente em qualquer época do ano. Basta você estar com uma gripe ou resfriado que já utilizada a danada. Isso pode ser em crianças ou adultos, e em qualquer situação como no trabalho, na escola, nos meios de transportes e em locais com grande aglomeração.
A importância desse tipo de comportamento é ensinado na escola, portanto, as crianças se tornam adultos sabendo da necessidade e utilidades dessas máscaras.
O que senti de diferente na conversa foi, vamos dizer, uma diferença conceitual da utilização desse apetrecho.
Enquanto o brasileiro quer se proteger dos espirros e tosses dos possíveis contaminados, os japoneses usam as máscaras para não transmitirem a doença. Quer dizer, enquanto uns usam para não contamirem o próximo, outros utilizam como forma de não serem infectados. Essa diferença de conceito, tão simples, deve mudar muita coisa no cotidiano porque a consciência que o individuo carrega não é similar.
"Eu utilizo por respeito ao próximo, você para não ser infectado. Eu utilizo para não transmitir, você utiliza para se proteger. Eu utilizo para não prejudicar um grupo, você nem se lembra que existe um grupo”. Essa foi a rápida conversa que tive com os meus amigos brasileiros com conceitos diferentes.
Acredito que em quase todos os países ocidentais o uso de máscaras está sendo utilizado para não serem contaminados, enquanto no oriente (Japão, China, Coréia, Taiwan, Singapura, Hong Kong, etc) essa máscara serve, pelo menos conceitualmente, para não prejudicar o próximo.
E é por causa dessas sutilezas, que devem estar em vários lugares na cultura de uma nação, é que as coisas podem funcionar ou não.
Num primeiro momento, o primeiro ministro Abe designou sete cidades em estado de emergência, o que significa que os governadores passam a ter mais poderes protegidos por lei. Depois de alguns dias, designou o país inteiro, e solicitou que o comércio e várias instituições fiquem fechadas até dia 6 de maio. Foram prontamente atendidos sem a necessidade de nenhum "guerra” política. No dia seguinte, até multinacionais como o Mac’donalds e Starbuks fecharam as portas. Praticamente todos os restaurantes, karaokês, salões de jogos eletrônicos, entre tantos outros empreendimentos fecharam. Muitos restaurantes passaram a atender pedidos somente "take out”.
Isso tudo deu certo por causa daquela sutil diferença conceitual sobre as coisas que falei nos parágrados anteriores, onde não há necessidade de conflitos e nem de ordens rígidas.
A consciência do que é necessário fazer para não prejudicar o próximo, e consequentemente para o bem do país, está praticamente enraizada no povo japonês, que desde tenra idade já recebe orientações, até indiretamente, sobre o assunto.
As infecções e o números de óbtos estão aumentando conforme era esperado, os hospitais trabalham no limite, mas não teve nenhuma criança, adolescente, médico ou enfermeiro contaminado.
Acredito que o conceito nipônico da utilização da máscara comparado com o conceito da utilização dessa mesma máscara em alguns países ocidentais, reflete o comportamento da população em relação ao respeito ao próximo, à colaboração para o bem da comunidade.

Fábrica de máscaras

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