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Marli Terezinha Andrucho Boldori: O amor está fadado ao fracasso? (Crônica)

17 jun 2020 às 12:26
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Parei um tempo para olhar a chuva escorrendo pelo vidro da sala. Através dele, percebi um casal sob o guarda-chuva, que esperava para atravessar a rua. Ele, com o braço em torno da cintura dela, tentando protegê-la dos pingos incessantes. Peguei minha caneca com café, o dia estava frio, segurei com as duas mãos para esquentá-las um pouco. Comecei a divagar...
Será que o amor está fadado ao final, ao fracasso ? Quantos casais vivem juntos por 50 anos ou mais ? Quantos enfrentam a vida a dois, juntos ? Quantos tentam consertar ao invés de jogar fora ?

Os relacionamentos hoje me parecem tão superficiais. Talvez pela correria, ou pela frieza que as feridas da vida deixam em nossa alma, ou pelos tombos que levamos e deixamos, com isso, a desconfiança tomar nosso coração e pensamento. A superficialidade de uma transa e depois o adeus, apenas para contar pontos com os amigos. Não há mais o namoro, o conhecer, o mistério de descobrir, aos poucos, o sabor do beijo, se o abraço será capaz de aconchegar o outro corpo e protegê-lo. Hoje, a velocidade chegou nos relacionamentos também.Quando o ter, é mais importante que o descobrir. Talvez por isso, não dure... Primeiro a cama, depois a gente vê como fica. Mas aí, você começa a descobrir que ele ou ela não gosta de Neruda, tem pavor de andar de mãos dadas e adora filmes de terror. Tudo o que você não quer para a sua vida, ao seu lado, está ali, bem à sua frente, e você já não acha mais graça nas piadas sobre banalidades, e você não sente mais falta quando ele ou ela não manda mais mensagem, e você começa achar aquele perfume doce demais.

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Então o encanto começa a desaparecer, e os detalhes começam a incomodar, e você já não deixa pra lá como antes ou, simplesmente, não liga se ele ou ela não aparecer no final de semana, com mais um filme da série Jogos Mortais. Pelo contrário, você respira com alívio. Já não se enfeita como antes, e coloca qualquer coisa só porque não pode andar sem roupa.

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E o tempo passa... e o distanciamento é tão inevitável que, quando se dá conta, não há mais ninguém em sua vida. E você não sabe onde errou, onde começou a dar errado. E hoje, sob a chuva, segura o guarda-chuva, e está só. Sem um braço em torno do seu corpo, sem um sorriso quando seus olhares se cruzam e, estranhamente, você se sente bem, e está feliz. E tudo vai tomando novas cores, novos aromas. Retoma os contatos antes deixados de lado, os sonhos esquecidos.


Penso que não é o amor que está fadado ao fracasso mas, sim, aquele sentimento que não agrega valor ao seu, tomo um gole de café, sorrio sozinha. Abro meu Neruda: " Um homem só encontra a mulher ideal quando olhar no seu rosto e ver um anjo e, tendo-a nos braços, ter as tentações que só os demônios provocam..."


Marli Terezinha Andrucho Boldori, nasceu em União da Vitória PR.
Graduada em Letras / Inglês, Pós-graduada em Produção de Textos.
Acadêmica da ALVI (Academia de Letras do Vale do Iguaçu) e da AVIPAF(Academia Virtual Internacional de Poesia, Arte e Filosofia).
Lançou os Livros : Pensando a Vida e a Magia do Amor.


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