A secretaria estadual de saúde de Minas Gerais disse nesta quinta-feira (16) que houve 4 mortes por síndrome nefroneural e que 18 outros casos são investigados. A suspeita é de que as mortes tenham sido causadas por intoxicação por dietilenoglicol presente na cerveja Belorizontina, da fabricante Backer.
A nova vítima, um homem de 89 anos, estava internada no Hospital MaterDei, no centro-sul de Belo Horizonte. Ele tinha sintomas da síndrome nefroneural, causada pela substância, e teve sua morte confirmada por volta das 5h25 desta quinta.
A Polícia Civil disse que trata os casos como suspeitos de intoxicação por dietilenoglicol. Até o momento, o dietilenoglicol foi encontrado em três lotes da Belorizontina. A substância, usada na indústria para evitar que os líquidos congelem ou evaporem, é tóxica. Sua ingestão impede funcionamento normal dos rins e causa alterações neurológicas, vômito e diarreias, podendo levar à morte em alguns casos.
Leia mais:
Agentes temem que fim da saidinha transforme presídios em caldeirão de rebeliões
Defesa de Robinho entra com novo pedido de habeas corpus no STF
Robinho deve ficar dez dias isolado em cela de 8 m² no presídio de Tremembé
Motoristas têm até o dia 31de março para fazer exame toxicológico
Nesta quarta (15), o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) informou, após inspeções dentro da cervejaria Backer, que a água usada na produção da cerveja estava contaminada com dietilenoglicol e monoetilenoglicol. As duas substâncias são proibidas em alimentos.
Além disso, o ministério aponta que a análise das amostras indica que a contaminação ocorreu dentro da cervejaria.
A empresa diz que o dietilenoglicol não faz parte de nenhum dos processos de fabricação dos seus produtos e que está colaborando com as investigações.
Na terça (14), Paula Lebbos, diretora de marketing da cervejaria, pediu que consumidores não bebessem a cerveja Belorizontina, independente do lote. Segundo Lebbos, a empresa é constantemente vistoriada e os processos são auditados. A diretora se disse surpresa com o caso.
Na última semana, o ministério fechou, em caráter cautelar, a unidade Três Lobos da empresa na capital mineira. Foram apreendidos 139 mil litros de cerveja engarrafada e 8.480 litros de chope. A empresa foi notificada a fazer recolhimento de todos os produtos (cervejas e chopes) produzidos de outubro de 2019 até o momento.
O primeiro caso foi notificado em 30 de dezembro de 2019. As secretarias de saúde da capital e do estado foram avisadas de que um paciente com insuficiência renal aguda e alterações neurológicas havia sido internado na rede privada de saúde de Belo Horizonte.
No dia seguinte um novo caso foi notificado. O paciente foi internado em um hospital em Juiz de Fora.
A Polícia Civil apura se houve sabotagem ou vazamento e utilização incorreta da substância. Em dezembro, a cervejaria registrara um boletim de ocorrência contra um ex-funcionário que ameaçou de morte um supervisor da empresa (dentro do local de trabalho) após ser notificado de sua demissão.