Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Determinação do Estado

Com horas extras proibidas na UEL, HU pode fechar 20 leitos de UTI e 120 leitos clínicos

Luís Fernando Wiltemburg - Grupo Folha
26 nov 2020 às 19:39
- Ricardo Chicarelli/Arquivo FOLHA
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Uma determinação que proíbe o cumprimento de horas extras por parte dos servidores públicos sem autorização de um comitê técnico de Curitiba pode levar a UEL (Universidade Estadual de Londrina) a suspender atendimentos na área de saúde e fechar leitos no HU (Hospital Universitário), entre outras atividades que serão afetadas a partir do dia 16 de dezembro.


A medida foi tomada com base em recomendação da 7ª Inspetoria de Controle Externo do TCE (Tribunal de Contas do Estado) do Paraná, que determinou que a UEL não extrapole o teto de gastos previsto com pessoal. As horas extras só podem ser cumpridas com a anuência trimestral da CPS (Comissão de Política Salarial), mas o órgão, subordinado à Casa Civil, não respondeu a tempo nenhum dos pedido de autorização protocolado trimestralmente em 2020 pela UEL.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Desde 2013, as universidades estaduais paranaenses estão proibidas de contratar novos servidores, defasando o quadro de recursos humanos à medida que há demissões, aposentadorias ou morte de funcionários. Isso faz com que os que estão na ativa acabem fazendo horas extras. A maior parte destes servidores estão lotados no HU, hospital de referência para uma região com mais de 1,6 milhão de habitantes.

Leia mais:

Imagem de destaque
Prática de produção jornalística

Alma Londrina Rádio Web promove duas edições do Estúdio de Rádio Móvel em abril

Imagem de destaque
Regularização

Eleitores de Londrina aprovam atendimento com horário estendido no Fórum Eleitoral

Imagem de destaque
Londrina

Lar São Vicente de Paulo incentiva doações do IR para fundos vinculados ao Estatuto do Idoso

Imagem de destaque
A pedido da empresa

Quase quatro anos após entrega, obra do viaduto da Dez de Dezembro tem aditivo de R$ 462 mil


A previsão é que a UEL encerre 2020 com 270 mil horas extras pagas – em 2012, quando havia mais servidores, foram feitas mais de 616 mil horas extras.

Publicidade


Segundo o reitor da universidade, Sérgio de Carvalho, 75% das horas extras da UEL são cumpridas no HU, mas o restante também é cumprido em ações da área da saúde, por profissionais do Centro Odontológico, da Bebê Clínica, do HV (Hospital Veterinário) e na manutenção do campus. como forma de controle do aedes aegypti para evitar a proliferação da dengue, zika vírus e chikungunya para os outros bairros de Londrina e até para cidades vizinhas.


A recomendação do TCE tem como base inspeção nas contas de 2019, mas só chegou à UEL na semana passada – depois de onze meses em que as horas extras foram cumpridas, mesmo sem autorização da CPS. A determinação alerta que, em caso de descumprimento da recomendação, os responsáveis podem ser processados por improbidade administrativa.

Publicidade


E por que foram cumpridas as horas extras, mesmo sem as autorizações? Carvalho afirma que as respostas do CPS chegaram com muito atraso – a manifestação acerca do pedido para o primeiro trimestre, rejeitando a liberação das horas extras, chegou em julho, dois dias depois da rejeição do pedido para o segundo trimestre.


Ainda assim, em meio à pandemia do novo coronavírus, a decisão administrativa foi manter a carga horária extra. "Mas não tínhamos a ideia da recomendação do TCE. Agora, diante disso e das reiteradas recusas de implementar as horas extras, decidimos acatar a recomendação”, justifica Carvalho, que tenta recursos às decisões do CPS e do TCE.

Publicidade


Consequências

Sem o trabalho exercido além da carga horária normal para os cuidados com a saúde, Londrina e região podem ter sérios problemas no acesso a tratamentos de saúde. Somente no HU, a suspensão das horas extras pode culminar no fechamento de 20 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 120 leitos clínicos de retaguarda, além da redução de 600 exames clínicos por dia, 420 refeições a menos e 300 quilos de roupa que deixarão de ser lavadas diariamente.


"Só no HU, o impacto é brutal, fora os outros serviços de saúde que a UEL presta para a região. Então, indicamos [aos setores] o acatamento [da determinação do TCE], mas estamos recorrendo para retirar a notificação e justificando à Secretaria Estadual da Fazenda sobre [a necessidade de ter] as despesas”, diz Carvalho.

Publicidade


A UEL também notificou o Ministério Público de Londrina sobre as consequências para a saúde pública regional e busca o apoio dos londrinenses.


Carvalho afirma, entretanto, que há empenho dos secretários estaduais da Saúde (Beto Preto), da Casa Civil (Guto Silva) e do superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Aldo Nelson Bona) para convencer a Secretaria da Fazenda a anuir com as horas extras feitas este ano. "Temos a convicção de que conseguiremos convencer a Fazenda de que estes serviços são imprescindíveis”, diz.

Publicidade


Por meio de nota, a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior afirmou que o Estado vem tentando solucionar as restrições financeiras, orçamentárias e operacionais impostas pela pandemia do novo coronavírus, no decorrer de 2020, apesar da diminuição nas receitas públicas. "Nesse sentido, o Governo está comprometido com o desafio de prover os meios necessários e suficientes para manutenção dos serviços públicos à população paranaense, principalmente na área da Saúde, tendo em vista o enfrentamento da doença causada pelo novo coronavírus."


Em relação ao pagamento de horas extras aos servidores públicos das universidades estaduais, a secretaria ressaltou a importância de seguir as diretrizes da CPS e que "não há decisão sobre qualquer medida de descontinuidade do pagamento de horas extras aos servidores públicos, inclusive das universidades estaduais".

(Atualizado às 20h20)


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade