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Articulações eleitorais

Em abertura da convenção democrata, Biden lança coalizão com republicanos anti-Trump

Marina Dias/Folhapress
18 ago 2020 às 11:24
Casa Branca - Pixabay
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O Partido Democrata usou a abertura de sua convenção nacional, nesta segunda-feira (17), para escancarar a mensagem de que basta ser anti-Trump para votar em Joe Biden.


O objetivo era mostrar que o arco de apoio ao ex-vice de Barack Obama pode ser bastante amplo, abarcando desde os mais progressistas, que foram às ruas contra o racismo e a violência policial nos EUA, até republicanos cansados do presidente.

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A receita era simples: criticar Donald Trump -principalmente sua má condução da pandemia que já matou mais de 170 mil pessoas no país- e destacar Biden pela sua capacidade de liderar os americanos e tirar o país de uma crise histórica.

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Para que o roteiro fosse bem sucedido foram escalados dois perfis opostos entre os principais discursos na estreia do evento, que aconteceu pela primeira vez de maneira virtual.

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Eram eles: o senador Bernie Sanders, ícone da ala mais à esquerda dos democratas, e o republicano John Kasich, ex-governador de Ohio que concorreu à nomeação de seu partido à Presidência em 2016.


O republicano John Kasich, ex-governador de Ohio, participa da convenção nacional do Partido Democrata com discurso gravado em uma encruzilhada

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No meio, estava a grande estrela da noite, a ex-primeira-dama Michelle Obama, símbolo de moderação e uma das figuras mais populares do partido.


Michelle, porém, optou por um discurso forte, no qual disse que Trump é o presidente errado para os EUA e que está perdido na função de governar.

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"Donald Trump é o presidente errado para o nosso país. Ele teve tempo mais do que suficiente para provar que pode fazer o trabalho, mas ele está claramente perdido. Ele não está à altura deste momento. Ele simplesmente não pode ser quem ele precisa ser para nós. É o que é", afirmou a ex-primeira-dama.


Michelle também seguiu o roteiro por uma ampla aliança em torno do partido democrata, assim como aconteceu em 2008 e 2012 nas eleições de Obama, e pediu que os americanos votem em novembro -o voto não é obrigatório nos EUA.

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A tese de ter mais eleitores nas urnas é para evitar a derrota de 2016, quando muitos não se animaram com Hillary Clinton. "Se nós temos alguma esperança, temos que votar em Joe Biden como se nossas vidas dependessem disso."


Duas vezes segundo colocado na indicação democrata à Casa Branca, Sanders também trabalhou para não repetir 2016, quando rachou o partido ao perder a nomeação para Hillary.

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Na noite desta segunda, o senador mudou a postura, navegando entre o apelo para que seus eleitores -jovens e latinos- votem em Biden e pregando união até mesmo entre conservadores e aqueles que votaram no atual presidente há quatro anos.


"Sob este governo, o autoritarismo criou raízes no nosso país. Enquanto eu estiver aqui, vou trabalhar com progressistas, moderados e, sim, com conservadores para preservar esta nação de uma ameaça que tantos de nossos heróis lutaram e morreram para derrotar", disse o senador.

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Na avaliação de Sanders, o futuro da democracia nos EUA estará em jogo caso Trump continue no poder, e é preciso "um movimento sem precedentes" para vencer "uma crise sem precedentes" e tirá-lo do cargo.


"Esta eleição é a mais importante na história moderna deste país. Em resposta ao conjunto sem precedentes de crises que enfrentamos, precisamos de uma resposta sem precedentes, um movimento, como nunca antes, de pessoas que estão preparadas para se levantar e lutar por democracia e decência e contra a ganância, a oligarquia e o autoritarismo", afirmou.


"Eu digo a vocês e a todos que apoiaram outros candidatos nesta primária, e àqueles que podem ter votado em Donald Trump nas últimas eleições: o futuro de nossa democracia está em jogo, o futuro de nossa economia está em jogo, o futuro de nosso planeta está em jogo. Precisamos nos unir, derrotar Donald Trump e eleger Joe Biden e Kamala Harris como nossos próximos presidente e vice-presidente. Meus amigos, o preço do fracasso é muito alto para se imaginar."


A chapa formada pelos centristas Biden e a senadora Kamala Harris será oficializada na quinta-feira (20), último dia da convenção.


O democrata lidera as pesquisas nacionais e em estados-chave, mas um levantamento do Pew Research Center mostrou que ao menos 56% de seus eleitores dizem que ele não ser Trump é o principal motivo para a escolha.


Para quem precisa motivar eleitores de todos os matizes, inclusive os que preferiam que Sanders fosse o candidato, Biden ficou satisfeito com o discurso do senador, mas sabe que também tem que atrair eleitores independentes e republicanos moderados que votaram em Trump em 2016.


E, por eles, discursou Kasich, uma das mais proeminentes vozes contra Trump dentro do Partido Republicano e que pode fazer com que esses eleitores se identifiquem com a ideia de que a saída agora é votar em Biden.


"Sou um republicano histórico, mas esse apego ocupa o segundo lugar em relação à minha responsabilidade para com meu país. É por isso que escolhi aparecer nesta convenção. Em tempos normais, algo assim provavelmente nunca aconteceria, mas estes não são tempos normais."


Kasich, que falou em depoimento gravado em frente a uma encruzilhada, ponderou que tem diferenças com Biden, mas avalia que o democrata pode guiar o país unido por um caminho melhor, já que Trump enterrou os tradicionais valores republicanos e hoje só trabalha para dividir os EUA, diz.


"Acho que independentes e republicanos nunca imaginariam apoiar um democrata", disse o ex-governador, argumentando que os mais conservadores temem que Biden vá para a esquerda. "Mas eu não acredito nisso, eu conheço Biden, ele não se deixa pressionar."


"Todos nós podemos ver o que está acontecendo em nosso país hoje e todas as perguntas que enfrentamos, e nenhuma pessoa tem todas as respostas. Mas o que sabemos é que podemos fazer melhor do que vimos hoje, com certeza. E sei que Joe Biden, com sua experiência, sabedoria e decência pode nos unir para nos ajudar a encontrar esse caminho melhor."


Kasich não foi o único republicano que participou da convenção. Outros líderes do partido de Trump, como a ex-governadora de Nova Jersey Christine Todd Whitman, a ex-CEO da Hewlett Packard Meg Whitman, que concorreu a governadora na Califórnia em 2010, também representavam a alegoria desse eleitor que Biden precisa abocanhar.


Eles alternaram espaço com falas de líderes democratas, eleitores comuns -inclusive independentes e republicanos-, além de vídeos gravados pelo partido que, em duas horas de um evento remoto bastante dinâmico, tentavam explorar a maior diversidade e representatividade pelas quais a ala de Sanders pressiona na sigla.

O desafio agora é saber se será possível chegar até 3 de novembro lançando mão de uma rede tão ampla sobre um eleitorado americano tão fragmentado.


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