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Indicações políticas

Flávio gera incômodo a aliados de Bolsonaro

Daniel Carvalho e Gustavo Uribe - Folhapress
12 out 2020 às 15:29
- Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) tem influenciado nomeações recentes feitas por Jair Bolsonaro (sem partido), sobretudo no campo jurídico, e gerado insatisfação entre aliados do presidente, cujas sugestões foram ignoradas.

Além da indicação do juiz federal Kassio Nunes para o STF (Supremo Tribunal Federal), o senador participou, segundo assessores palacianos, de pelo menos duas escolhas para a Justiça Eleitoral, além de um cargo no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

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Pessoas próximas a Flávio dizem que temas relacionados à Justiça e a agências reguladoras passam pelo senador, que fala com o pai diariamente. De acordo com um auxiliar da família, o filho 01, por exemplo, conversou com todos os nomes indicados antes que o pai escolhesse Augusto Aras para o comando da PGR (Procuradoria-Geral da República), no ano passado.

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Ele também gosta de se imiscuir quando o assunto é economia. Conversa frequentemente com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).

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Para auxiliares do presidente, Bolsonaro tem se desgastado de maneira desnecessária com aliados de primeira hora para agradar ao filho, que é investigado por suspeita de abrigar em seu gabinete como deputado estadual do Rio de Janeiro um esquema da chamada "rachadinha".


Os nomes sugeridos e aprovados por Flávio foram apelidados no Palácio do Planalto de "indicações do menino".

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A última delas foi feita na semana retrasada para a vaga do ministro Celso de Mello, do STF. Kassio foi sugerido inicialmente para um posto no STJ (Superior Tribunal de Justiça), mas foi o senador quem convenceu o pai a indicá-lo para o Supremo, segundo auxiliares do presidente.


Flávio conheceu Kassio cerca de um mês antes da decisão de Bolsonaro e aprovou o magistrado. O episódio desagradou líderes evangélicos, entre eles o pastor Silas Malafaia, que entrou em um embate público com Bolsonaro. O religioso apoiava para o cargo o juiz federal William Douglas dos Santos. O indicado conversou com Flávio mais de uma vez e chegou a ter a simpatia do senador, mas foi refutado pelo presidente.

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No mês passado, o presidente também levou em consideração a opinião de Flávio para a escolha do advogado Renato Alves Coelho para o cargo de juiz titular do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal.


Inicialmente, Bolsonaro informou a assessores diretos que já havia assinado a nomeação para o posto de Rafael Freitas de Oliveira, candidato que recebeu mais votos na lista tríplice formada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

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Após conversa com o filho, no entanto, ele recuou e indicou outro nome para a função, o que desagradou apoiadores do presidente na área jurídica, que já tinham sido informados que ele escolheria Oliveira.


Também em setembro, o presidente escolheu Vitor Marcelo Aranha para uma vaga no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro. O advogado, como mostrou a Crusoé, é ex-professor do filho de Bolsonaro em um curso de direito o que, na opinião de aliados do presidente, foi determinante para a escolha.

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No ano passado, Bolsonaro ainda nomeou para o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a advogada Lenisa Rodrigues Prado, filha da desembargadora federal Maria do Carmo Cardoso, que é amiga de Flávio.


O primogênito do presidente é hoje o filho que tem mais influência sobre as decisões do pai, que já manifestou a assessores próximos receio de que as acusações contra ele tenham novas reviravoltas. No final do ano passado, de acordo com um deputado governista, Bolsonaro temia uma possibilidade de prisão.

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Flávio vai com frequência ao Palácio da Alvorada, quando aproveita para levar as filhas para ver o avô, e ao Palácio do Planalto, onde participa de reuniões. As participações quase nunca são registradas oficialmente.


Foi o que aconteceu, por exemplo, em 9 de setembro, quando esteve em um encontro que, pelo que foi publicado pela Casa Civil, teve presença apenas do titular da pasta, Walter Braga Netto, e do governador interino do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC).


Flávio Bolsonaro também é presença rotineira em reuniões ministeriais, nos encontros para discutir o Renda Cidadã, versão mais atual do programa que o governo quer criar para substituir o Bolsa Família.


A postura do presidente em relação à pandemia do coronavírus foi, por exemplo, influenciada por Flávio. O primogênito sugeriu a Bolsonaro a defesa de que a atividade econômica do país não podia parar por causa da doença.


Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o senador vinha dialogando com empresários insatisfeitos com as medidas de isolamento adotadas nos estados.


As reclamações foram sobretudo dos setores de varejo, logístico e agropecuário. Eles ameaçavam demitir funcionários se o isolamento social se prolongasse.


Flávio fez chegar ao pai as queixas. O recado implícito era o de que, caso Bolsonaro não se posicionasse ao lado do setor produtivo, ele corria o risco de perder o apoio de boa parcela dos empresários.


A influência de Flávio também é relatada no Senado, onde ele participa de reuniões de líderes –mesmo sem ter este posto– e fala em nome do governo. É chamado de "senador-ministro" por seus pares.


Em alguns casos, os líderes oficiais do governo recorrem ao filho do presidente, como aconteceu, por exemplo, quando o Senado derrubou o veto presidencial ao reajuste para servidores.


A condição de filho do presidente também alija o senador de algumas discussões como quando, por exemplo, o Legislativo ensaiava como reagir às manifestações de apoiadores de Bolsonaro aos outros Poderes.


A reportagem procurou a assessoria do senador, que disse que ele não se manifestaria.

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