Isolado no PROS, o ex-governador do Ceará e ministro da Educação, Cid Gomes, começou a buscar alternativas políticas para si próprio e seu grupo, um ano após se filiar ao partido. Embora tenha preferência por legendas de esquerda, Cid foi sondado a integrar o Partido Liberal (PL), sigla que está sendo recriada pelo ministro das Cidades e presidente licenciado do PSD, Gilberto Kassab.
Cid Gomes não vem se sentindo à vontade no PROS. No ano passado, a cúpula do partido boicotou a indicação do então governador para comandar o Ministério da Integração Nacional. Agora, na reforma ministerial, a Executiva Nacional da legenda divulgou uma nota pública afirmando que Cid é uma "escolha pessoal" da presidente Dilma Rousseff e não do partido.
Desde o dia 1º, o ex-governador cearense ocupa uma das mais importantes pastas da Esplanada dos Ministérios, a da Educação. Ao lado de Kassab, Cid também age nos bastidores para garantir apoio no Congresso ao Palácio do Planalto no intuito de mitigar a dependência do governo em relação ao PMDB. A dupla entrou em ação para defender a eleição do petista Arlindo Chinaglia (SP) para presidente da Câmara contra o candidato do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), desafeto de Dilma.
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Devido à proximidade de Cid Gomes com o PT chegou a ser cogitada a ida dele para o partido. Cid é próximo do deputado federal José Guimarães (PT-CE), um dos vice-presidentes petistas, e do novo governador do Estado do Ceará, Camilo Santana (PT), que foi escolha pessoal dele para sucedê-lo.
Mas o ministro enfrenta resistência de setores ligados à ex-prefeita de Fortaleza e hoje deputada federal eleita, Luizianne Lins, uma das principais lideranças petistas no Estado. "Não existe essa possibilidade (de Cid ir para o PT)", descartou um dirigente nacional do partido.
Aliado de Kassab e fundamental no processo de criação do PSD, Cid ainda discute a possibilidade de se incorporar ao PL, cujo pedido de formalização no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve ser protocolado até março. Cid deixou claro que quer manter a "aliança estratégica" com Kassab, não necessariamente na mesma legenda. "Ele quer algo mais à esquerda", resumiu um dirigente do PSD.
Ainda assim, o atual partido de Kassab poderia ser uma guarita para Cid Gomes. O presidente do PSD do Ceará, Almircy Pinto, afirmou que a legenda no Estado está de portas abertas para o ministro. "O Cid é um político que enobrece qualquer partido que vá. Teríamos alguns problemas internos de acomodação, mas em política tudo se resolve", afirmou.
Oficialmente, o ministro não externou a dirigentes do PROS qualquer intenção de deixar a legenda. Há uma semana, Cid conversou com lideranças do partido, como o presidente Eurípedes Junior e o líder da bancada na Câmara, Givaldo Carimbão (AL), que, por sua vez, deram o episódio como superado.
"Queríamos que (a escolha para o ministério) tivesse o nosso aval, mas ela (Dilma) não ligou para a gente. Não temos raiva, rancor ou ódio, mas reiteramos que o Ministério não é do PROS", disse Carimbão. A reportagem não conseguiu contato com Cid para comentar seu futuro partidário.
O destino de Cid Gomes deve alterar o caminho de outros aliados políticos, como o ex-ministro e deputado federal eleito Leônidas Christino e prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio. Se Cid deixar o PROS, os dois e o restante do seu grupo político devem segui-lo.