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Memórias

Memórias: fotojornalista Evandro Teixeira conta como tem vivenciado a pandemia

Thaynara Junqueira - Estagiária*
09 jan 2021 às 17:59
- Leonardo Mendes Bueno
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A pandemia do coronavírus assustou e mudou a rotina do mundo. Não foi diferente com o fotojornalista Evandro Teixeira, 86, que, acostumado a contar as histórias de suas fotos que retratam a história do Brasil, conversou com a reportagem no dia 14 de novembro de 2020 para revelar como estão sendo os dias de isolamento em sua casa, no Rio de Janeiro, onde se encontra desde março do ano passado.


Arquivo/Evandro Teixeira
Arquivo/Evandro Teixeira


Ao ser questionado como se sentiu neste período da pandemia, o fotojornalista falou das últimas lembranças que possui de um grande amigo que se foi.

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"Moraes Moreira, um cantor do Rio, ele morreu logo depois (do início da pandemia). Era muito amigo meu, nós éramos amigos aqui da Gávea. Tem uma padaria aqui perto que a gente ia todo sábado. Era eu, ele, baterista do Roberto Carlos, velhinho engraçado à beça e o outro, o italiano. E a gente era um quarteto, e todo sábado íamos lá de manhã. Sábado, domingo, ficava das 9 horas até meio dia, uma hora, e o dono da padaria não aguentava mais a gente. No final, nosso gasto era um copo com água, ou um refrigerante. Moraes Moreira tomava um café lá, mas a gente não. Era engraçado que não tinha nada para demorar tanto tempo, ocupando espaço, e a gente ficava lá ouvindo as músicas na Gávea. Então, ele (Moraes Moreira) fez o último show dele no meio de março. E como eu era muito amigo dele, sei que ele não me pedia, mas eu levava a câmera e o fotografava. Ele fez um show lindo, em um restaurante aqui, famoso e tal. E foi uma despedida, parecia e foi realmente. Eu fui lá e fotografei. No dia seguinte eu ia encontrar ele na padaria, levei o CD gravado. 'Você, Evandro, não tem jeito, mas que maravilha! E vamos entrar em isolamento agora, vamos nos despedir’. Já era o dia de isolamento, a gente já tinha que ter entrado. Eu entrei no dia seguinte e nesse mesmo dia, ele também, foram 8 meses de isolamento”, conta Teixeira.

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Moreira faleceu no dia 14 de abril de 2020, em sua casa, durante o sono, após sofrer um infarto. Teixeira conta que ficou tão perturbado com esse acontecimento que quis refazer todos os seus exames médicos.

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Depois de longas caminhadas pela varanda, aulas de pilates remotas e fotografias que tirava da janela, o fotojornalista, aos poucos começou a sair para andar com um grande amigo e médico. Devido à sua carreira que encarreta muitas viagens, ele precisa dar uma atenção especial à saúde. Então, caminhar todos os dias foi uma orientação médica e amiga.


"Eu estava sentindo uma falta de fotografar tremenda. Estava fazendo foto da minha janela, mas estava ficando repetitivo. Aí, essa semana, eu fui até Copacabana, na estatua do Tom Jobim, com as pessoas passando no Arpoador. Encostei meu carro lá, e fiquei fotografando, foi lindo!”, conta Teixeira, em mais um relato de um ano conturbado.

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Com a agenda cancelada devido à pandemia de Covid-19, o profissional confessa que não gosta de participar dos eventos de uma forma virtual. "Eu gosto de sentir as reações, o calor humano”, esclarece. O fotojornalista tem concedido apenas algumas entrevistas e atuado em eventos muito especiais, como uma homenagem que recebeu da Uneb (Universidade do Estado da Bahia), em 2020.


Os dias dele têm sido reservados para cuidar da sua saúde e assistir bons filmes. Teixeira faz piada com fato de ter assistido praticamente todos os disponíveis nas plataformas de streaming. E com uma lista na mão, com o nome de todas as obras que viu, indica um dos favoritos da vez: The Post- A Guerra Secreta. "Maravilhoso esse filme, o Jornal do Brasil, onde eu trabalhava, era aquilo, igualzinho. Me deu uma emoção tão grande!", afirma o fotojornalista.

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Arquivo/Evandro Teixeira
Arquivo/Evandro Teixeira


Pioneirismo


O Jornal do Brasil, fundado em 1891, foi um dos mais tradicionais do país, editado no Rio de Janeiro. Teixeira entrou para a equipe em 1963, e de lá carrega muitas memórias. "Era um jornal que me mandava viajar para fazer as entrevistas, se fosse o caso. E a gente viajava o mundo todo, por copas, jogos olímpicos, viagem presidencial, política, no golpe militar do Chile”, relembra.


Em meio a tantas histórias e memórias que foram ditas, o desejo dele é o mesmo que de todos nós. "Espero que logo isso acabe, que venha essa vacina para que possamos retomar as nossas vidas", exclama.

*Sob supervisão de Larissa Ayumi Sato.


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