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Crianças e jovens

Perda de aprendizado na pandemia acentua desigualdades, dizem pesquisadores

Ricardo Balthazar - Folhapress
31 ago 2020 às 08:28
- Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Os prejuízos causados ao ensino pela suspensão de aulas presenciais durante a pandemia do coronavírus tendem a acentuar desigualdades que já existiam antes da Covid-19, ampliando as diferenças entre estudantes pobres e ricos e criando novas dificuldades para a reabertura das escolas.


Cálculos de um grupo ligado à Rede de Pesquisa Solidária, que monitora políticas de enfrentamento da pandemia, sugerem que alguns alunos de famílias pobres sofrerão perdas de aprendizagem equivalentes às que teriam se ficassem o ano inteiro sem aulas, quase duas vezes a perda projetada para os mais ricos.

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As simulações foram feitas com base nos resultados das provas do Saeb (Sistema de Avaliação de Educação Básica), que a cada dois anos aplica testes para avaliar a aprendizagem de língua portuguesa e matemática e coleta informações sobre estudantes da rede pública e de escolas particulares.

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Seguindo uma metodologia desenvolvida pela consultoria Herkenhoff & Prates, especializada na avaliação de políticas públicas, os pesquisadores estimaram o dano causado pela pandemia em vários cenários, de acordo com as condições sócio-econômicas e outras diferenças entre os alunos.

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Conforme as estimativas, alunos entre os 20% mais pobres da população sofrerão perdas de 50% a 87% do aprendizado de um ano normal. Os que já tinham vínculo forte com a escola, computador em casa e acompanhamento de pais com maior nível de escolaridade tendem a sofrer danos menores.


Estudantes entre os 20% mais ricos sofreriam perdas equivalentes a 50% na maioria dos cenários. Eles têm melhores condições de reter o que aprenderam antes da pandemia e dispõem de mais recursos para continuar estudando em casa mesmo com as escolas fechadas, dizem os pesquisadores.

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"A pandemia tornou os alunos mais dependentes do acompanhamento das famílias em casa, e aí as diferenças de capital cultural e renda pesam muito", diz o sociólogo Ian Prates, pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e coordenador do grupo responsável pelas simulações.


Parte da explicação está na dificuldade que os estudantes mais pobres têm para acessar a internet, o que os impediu de aproveitar atividades desenvolvidas pelas escolas nos casos em que algum tipo de ensino remoto foi oferecido durante os meses de suspensão das aulas presenciais.

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Segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em julho, cerca de 8 milhões de estudantes de 6 a 17 anos de idade não tiveram acesso a atividades de ensino remoto, o equivalente a 24% do total de alunos matriculados em escolas das redes pública e privada.


Nas famílias mais pobres, 30% dos estudantes não tiveram acesso a ensino remoto em julho, de acordo com o IBGE. Em seis estados - Amapá, Bahia, Pará, Piauí, Sergipe e Tocantins - mais de 50% dos alunos estavam nessa situação na época em que os pesquisadores do IBGE contataram suas famílias.

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"As desvantagens que os estudantes mais pobres já tinham antes da pandemia se acentuaram com o atraso deste ano e o impacto da crise econômica sobre suas famílias", diz Prates. "É provável que tenham mais dificuldades para recuperar o tempo perdido e desenvolver suas capacidades no futuro."


Cálculos dos pesquisadores com base em dados do IBGE indicam que alunos das famílias mais ricas conseguiram estudar cinco horas a mais por semana do que os mais pobres em julho -uma diferença equivalente a 28 dias de aula se for extrapolada para os quase seis meses em que as escolas estão fechadas.

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Na avaliação do grupo, o Ministério da Educação poderia ter contribuído para evitar o aprofundamento dessas desigualdades se tivesse cooperado com prefeituras e governos estaduais na busca de boas práticas para o ensino remoto e parcerias para ampliar o acesso dos estudantes pobres à internet.


"A ausência de diretrizes do governo federal para a área de educação deixou os governos locais sozinhos para enfrentar o problema de forma descoordenada", diz Prates. "A experiência de outros países poderia estar sendo melhor aproveitada para preparar a retomada das aulas presenciais."

A Rede de Pesquisa Solidária reúne dezenas de pesquisadores de instituições públicas e privadas, como a Universidade de São Paulo, o Cebrap e a FGV (Fundação Getúlio Vargas). Desde abril, eles têm produzido boletins semanais, que estão disponíveis no site da iniciativa.


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