Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
8 DE JANEIRO DE 2023

Especialista explica que na ausência das redes sociais, não haveria tentativa de golpe

Redação Bonde com Agência Brasil
08 jan 2024 às 16:25
- Marcello Casal Jr/Agência Brasil
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

Sem a tecnologia de comunicação instantânea e a má fé dos bolsonaristas, não teria ocorrido a destruição parcial do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. A avaliação é de Gabriela de Almeida Pereira, diretora de relações institucionais da ONG Redes Cordiais.


A organização não governamental é uma iniciativa de educação midiática, definida pela própria ONG como um conjunto de habilidades que permite lidar, de maneira responsável e crítica, com as mídias - do jornal impresso a vídeos de aplicativos.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Conforme a especialista, o 8 de janeiro foi uma ''situação gravíssima'' impulsionada durante semanas, em redes sociais distintas, que contribuiu de forma significativa para inflamar o clima. Na percepção de Gabriela, ''as redes socias, em especial aquelas que nos colocam em grupos menos permeáveis - seja pela criptografia de ponta a ponta ou pela própria configuração de fóruns fechados de discussão -, são terrenos férteis para a disseminação de discursos de ódio e desinformação.''

Leia mais:

Imagem de destaque
Mudanças climáticas

'Dia da Terra' é o tema do Google Doodle desta segunda

Imagem de destaque
Alerta de golpes

Fazenda e Receita alertam para envio de guias falsas de IPVA por e-mails e SMS

Imagem de destaque
Compartilhar Meu Date

Tinder lança recurso que facilita divulgação de informações sobre encontros

Imagem de destaque
Saiba mais

Meta lança Llama 3, novo modelo que levará IA ao WhatsApp e Instagram


As limitações de rastreamento favorecem a impunidade de quem usa os novos meios de comunicação para cometer crimes. ''Em algumas dessas redes sociais você não sabe, por exemplo, quem foi a primeira pessoa a compartilhar a mensagem, nem quantas pessoas já foram impactadas por ela, se já foi tirada de contexto etc. A gente fica sabendo quando ela retorna para nós ou quando vemos ela sendo reproduzida em outros ambientes virtuais, mas não dá para ter uma dimensão do impacto.''

Publicidade


Emoção e engajamento


Publicidade

Pereira assinala que as novas mídias mobilizam os usuários por meio da emoção para conseguir mais engajamento e, assim, audiência e tempo de exposição.


''Estudos da psicologia da desinformação mostram que costumamos compartilhar com mais veemência conteúdos que nos causam raiva, indignação, desesperança. É como se quiséssemos compartilhar com o mundo aquilo que nos afetou, como forma de alertar nossos pares. Sabendo disso, as plataformas entenderam como esse engajamento causa lucro, deixando as pessoas cada vez mais presas dentro das redes sociais, tendo mudanças cognitivas consideráveis.''

Publicidade


''E aí temos esse cenário para lá de perigoso, que soma nossa forma de se relacionar com a informação, por meio da emoção, mais um cenário de baixíssimo letramento digital, em que não sabemos muitas vezes distinguir informações reais, verificadas, de conteúdos enganosos, com algoritmos que engajam conteúdos de ódio e colocam os sujeitos em bolhas, e redes sociais que permitem que estejamos cada dia mais vulneráveis'', acrescenta.


Para a diretora da ONG, a tentativa de golpe no dia 8 de janeiro de 2023 ilustra a necessidade de se regulamentar as redes sociais no Brasil.

Publicidade


''A regulamentação precisa acontecer para que estejamos mais seguros on e off-line. Para que essas ameaças do mundo atual tenham menos impactos e todos tenham mais consciência do que, de fato, é uma ação nossa, o que é uma mediação algorítmica. É importante que as pessoas sejam responsabilizadas pelas suas atitudes, seja o emissor do conteúdo que incita a violência, como também a plataforma que hospeda esse tipo de conteúdo, que permite que ele exista e seja difundido.''


BREVE HISTÓRIA DE JORNALISTA QUE FOI AGREDIDA NO DIA 08 DE JANEIRO

Publicidade


Em 8 de janeiro de 2023, dia do ataque golpista da extrema direita às sedes dos Três Poderes da República, na capital federal, a jornalista mineira Tereza Cruvinel viveu uma experiência inédita em seus 43 anos de profissão: foi hostilizada, agredida e xingada por diferentes grupos de agitadores.


À Agência Brasil, ela conta que, ao fazer a cobertura da desocupação do Congresso Nacional, ouviu ameaças e recebeu chutes de bolsonaristas. Além disso, ela teve de entregar seu celular de trabalho aos extremistas para que eles apagassem imagens que fez diante da destruição da sede do Legislativo.

Publicidade


Segundo Tereza, que presidiu a EBC (Empresa Brasil de Comunicações) entre 2007 e 2011, os vândalos acusavam de tirar fotos de manifestantes ''para entregar à polícia.'' Quando ela se identificou como jornalista, o medo aumentou. Um dos homens que a intimidava chegou a dizer: ''vamos dar uma aula de jornalismo para ela atrás do Ministério da Defesa.''


Para a sorte de Tereza, uma manifestante a conhecia do trabalho no Congresso e disse que ela era ''jornalista sim'', e que morava perto de sua casa. Essa mulher a levou até seu carro, estacionado próximo à Catedral de Brasília. Lá a mulher disse para a jornalista que fosse embora, ''antes que coisa pior acontecesse.''


Tereza deixou a Esplanada dos Ministérios intrigada sobre porque estaria sendo identificada por diversas pessoas como alguém trabalhando para a polícia. A razão ela foi saber no dia seguinte, ao receber um meme: circulava nas redes sociais uma foto sua tirada durante os atos golpistas, com uma fake news: ''essa mulher está fazendo fotos dos manifestantes para a polícia''. A roupa que Tereza vestia facilitou sua identificação.


A breve história do incidente ilustra como a comunicação digital instantânea em rede é utilizada para enganar as pessoas, propagar mentiras e despertar o ódio.


LEIA TAMBÉM:


Imagem
Atos em favor da democracia marcam um ano de ações golpistas de 8 de janeiro
Uma série de atos marcará, nesta segunda-feira (8), um ano da invasão e depredação do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e STF por vândalos e golpistas inconformados com a vitória do então presidente empossado
Publicidade

Últimas notícias

Publicidade