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Palmeiras e Santos

Covid-19 marcou os finalistas da Libertadores e o palco da decisão

Marcos Guedes - Folhapress
29 jan 2021 às 14:25
- Cesar Greco/Palmeiras
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Palmeiras e Santos farão neste sábado (30), no Rio de Janeiro, uma decisão marcada pela Covid-19. O espectro do coronavírus estará no Maracanã, tristemente sem torcedores (fora os que ganharam convites) em duelo tão importante, mas a presença do Sars-CoV-2 vai além da arquibancada sem público, algo que já se tornou corriqueiro na pandemia.

O terreno do histórico estádio carioca abrigou um dos hospitais de campanha na luta contra a doença. Inaugurado em maio e desmontado em outubro, o centro de atendimento recebeu milhares de pacientes em seus 400 leitos, mas as mortes, que ultrapassaram a marca de 200 mil no Brasil, não impediram a bola de voltar a rolar.

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As competições de 2020 foram retomadas após mais de três meses de paralisação, com o calendário da temporada estendido até o início de 2021. A final da Copa Libertadores acabou confirmada para o Maracanã, como inicialmente previsto, e as duas equipes que avançaram ao jogo derradeiro foram brasileiras.

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Justamente os clubes que disputam a decisão foram dois dos mais afetados pela Covid-19. O Palmeiras passou dos 20 casos no grupo de jogadores, e o Santos chegou a se distanciar de seu comandante, Cuca, que foi infectado e sofreu bastante antes de voltar a trabalhar com os atletas.

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O treinador de 57 anos recebeu o diagnóstico no início de novembro e precisou ficar internado por nove dias, parte deles em unidade semi-intensiva. Teve lesões de pulmão, contraiu uma hepatite e deixou o hospital com sequelas. "Me canso só de subir uma escada", afirmou, em dezembro.


Foi sem Cuca que a delegação alvinegra viajou a Quito, no Equador, para enfrentar a LDU, nas oitavas de final da Libertadores. Ele já estava em casa, mas não foi liberado para embarcar e procurou manter a comunicação com os demais membros da comissão técnica, o que nem sempre foi feito sem ruído.

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"Trocaram o Jean Mota antes da hora. Fiquei doido", recordou o comandante, que também precisou lidar com baixas recorrentes no elenco. Houve um momento em que, além dele próprio e dos auxiliares Cuquinha e Eudes Pedro, estavam afastados por Covid-19 João Paulo, Alison, Alex, Diego Pituca, Jean Mota, Jobson, Lucas Veríssimo, Madson, Sandry e Vladimir.


A ausência de João Paulo fez John, de 24 anos, que jamais havia disputado uma partida de campeonato como profissional do Santos, ganhar uma oportunidade na meta preta e branca. Ele tomou conta do espaço, foi efetivado como titular e, em meio às semifinais da competição sul-americana, precisou ficar em quarentena também por causa do coronavírus.

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João Paulo, então, voltou. Escalado na vitória por 3 a 0 sobre o Boca Juniors que colocou o time da Vila Belmiro na decisão, desabou no gramado ao apito final, emocionado. Agora, ele tem novamente a concorrência de John, e Cuca preferiu não divulgar quem é o escolhido para o duelo derradeiro.


No Palmeiras, o vaivém na formação titular foi ainda mais intenso em decorrência dos casos de Covid-19. Desde o reinício dos torneios, ao menos 22 atletas foram isolados dos companheiros por esse motivo. O técnico Vanderlei Luxemburgo, que viria a ser demitido, também foi afastado, em julho, embora depois tenha concluído que seu teste tenha sido um falso positivo.

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Seu substituto no comando alviverde foi Abel Ferreira, que também recebeu diagnóstico de infecção pelo Sars-CoV-2 e passou um período distante do grupo, em dezembro. Antes disso, viveu a fase mais aguda do problema no clube, precisou lidar com um elenco extremamente reduzido e encarou dificuldades mesmo após o retorno dos jogadores.


No momento em que ficou fora, o português deixou para o auxiliar João Martins o contato com o grupo. Responsável por dirigir o time no início das quartas de final da Libertadores, no empate por 1 a 1 com o Libertad, o assistente observou que a recuperação da doença não era mera questão de um resultado negativo no exame.

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"Tivemos dificuldade na parte física com os jogadores que vieram de Covid. As pessoas pensam que é só chegar e tudo certo, que vão continuar bem. Mas é um vírus que ataca o corpo, o organismo. Tivemos 22 casos, quase todos na mesma altura. Na volta, os jogadores não começam as partidas nem 50%", disse Martins.


Raphael Veiga foi um dos que sentiram o baque no retorno. O meia de 25 anos vivia ótima fase quando precisou ser afastado, em novembro, e demorou a recuperar o ritmo. Na semana passada, depois de marcar dois gols contra o arquirrival Corinthians, ele finamente pôde celebrar a recuperação da melhor forma.

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"Quando tive a doença, tinha marcado dois gols contra o Ceará, estava em uma sequência muito legal. Aí, não consegui comer, fazer os exercícios, acabei perdendo peso e força. Eu me senti fraco nos primeiros treinos. Nos jogos, meu corpo não respondia como eu queria", contou o atleta, que chegou a vomitar no intervalo de um jogo, contra o Internacional, e ser substituído.


Superando o problema de Veiga e vários outros, o Palmeiras foi avançando em todas as frentes. Campeão paulista pouco após a retomada do futebol, manteve-se até o fim de janeiro vivo no Brasileiro, na Copa do Brasil e na Libertadores, o que também cobrou um preço: o duelo com o Santos será o 55º desde o reinício, em julho, média de um compromisso a cada 3,5 dias.

De alguma maneira, no atípico cenário do esporte na pandemia, alviverdes e alvinegros alcançaram sucesso suficiente para estabelecer uma final histórica, o primeiro clássico regional brasileiro a decidir o título sul-americano. O campeão, quando recordar o triunfo daqui a cem anos, não poderá fazê-lo sem falar a palavra coronavírus.


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