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No Brasil

Mesmo falta de ar não garante realização de teste para Covid-19

Phillippe Watanabe - Folhapress
01 abr 2020 às 09:57
- AEN-PR
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Para conseguir fazer um teste para Covid-19 no Brasil, é necessário ser profissional de saúde ou de segurança, estar em estado grave ou ter morrido – mas, ainda assim, nenhum desses casos é garantia de exame, devido à escassez de testes no país.

O Ministério da Saúde não revela quantos testes para coronavírus já foram feitos no Brasil, mas tem sido cobrado a ampliar a testagem e prometeu aumentar a oferta.

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Inicialmente, a pasta anunciou que planejava oferecer 1 milhão de testes. Em seguida, subiu o número para 2,3 milhões. No dia 22 de março, passou a 10 milhões. No dia 24, aumentou para 22,9 milhões.

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O protocolo do ministério afirma que os exames devem ser reservados para os casos graves – a OMS (Organização das Nações Unidas) recomenda priorizar recursos parcos para grupos de risco e área da saúde – mas, para os pacientes que buscam ajuda, a definição de caso grave não parece tão clara.

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Especialistas dizem que a falta de ar, aliada a sintomas típicos de gripe (febre, cansaço, tosse seca), pode indicar agravamento de quadro de Covid-19 e indica a necessidade de procurar o médico, recomendam as autoridades.


Mas mesmo a falta de ar garante um exame específico para Covid-19. Um homem, que preferiu não se identificar, disse que, após apresentar coriza e tosse, procurou um hospital de ponta de São Paulo com sua mulher, que tinha tosse, dor no corpo e falta de ar.

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Ambos fizeram exames para outras síndromes gripais e os testes do homem acusaram influenza. Nos da mulher, nada foi detectado, mas nem assim ela fez teste para Covid-19. Ela ainda passou por mais exames, como uma tomografia. Ao serem liberados, a orientação foi de que se isolassem por 14 dias e tratassem os sintomas.


Segundo os protocolos do ministério, um caso de pneumonia grave associado à Covid-19 apresenta frequência respiratória maior do que 30 incursões por minuto (uma incursão é uma inspiração e uma expiração; o normal, para um adulto em repouso, fica entre 12 e 20 incursões); dispneia, ou seja, desconforto para respirar; saturação de oxigênio no sangue inferior a 90%; cianose (quando pele, unhas ou lábios ficam com coloração azulada ou acinzentada) e disfunção orgânica.

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O protocolo do ministério indica que casos de pneumonias – sem complicações ou graves– necessitam de hospitalização imediata.


Para figuras de destaque, porém, os exames estão mais acessíveis e têm resultados mais rápido. A mesma crítica aparece em países como EUA e Reino Unido –o príncipe Charles foi acusado de furar a fila, assim como jogadores da NBA, nos EUA.

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Uma das formas de conseguir ser testado para a Covid-19 é com um pedido médico para clínicas particulares, que destinam parte de sua produção para hospitais pelo país e também fazem os testes em domicílio.


No laboratório Hermes Pardini, o teste domiciliar custa R$ 250, sem cobrança de taxa domiciliar, e o resultado pode sair em 24 horas em casos urgentes ou em até seis dias, segundo Alessandro Ferreira, vice-presidente do Hermes Pardini. Ele diz que, a pedido do Ministério da Saúde o grupo aumentou a produção dos testes e hoje consegue fazer mais de 3.000 por dia –parte é distribuída para mais de 600 hospitais.

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Segundo Ferreira, a maior disponibilização de testes pode influenciar a atitude das pessoas frente ao vírus. Sem a confirmação da doença, os pacientes com sintomas leves podem desconsiderar a necessidade de isolamento.


No Labi Exames, os testes custam R$ 260 (além de uma taxa de R$ 38), são realizados apenas em domicílio e demoram até quatro dias para ficar prontos. No entanto, devido à escassez dos kits, o laboratório destina seus testes gratuitamente somente para pessoas com mais 80 anos com pedido médico e após cadastro.

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No laboratório Dasa os testes custavam R$ 280 reais e demoravam cerca de cinco dias para ficarem prontos. A empresa deixou de fazer testes domiciliares e só trabalha com casos críticos em hospitais.


O Grupo Fleury diz que "tem estoque suficiente para atender a demanda de seus clientes hospitalares atuais e segue monitorando a evolução da epidemia e checando periodicamente a disponibilidade de insumos com sua cadeia de fornecedores". O laboratório não faz os exames para coronavírus em suas unidades.


Apesar de os laboratórios privados dizerem que estão aumentando a sua produção e prometerem respostas rápidas, na prática a escassez e a demora aparecem –o resultado pode levar mais de uma semana e só ficar pronto após a morte, como ocorreu com a primeira pessoa que teve o vírus registrada no Brasil.


Só o Adolfo Lutz, laboratório público de São Paulo, tem uma fila de espera de 14 mil testes para serem analisados, dos quais 500 são de pessoas em situação grave.


A escassez, porém, não deve alterar o tratamento dos pacientes, afirma Christian Valle Morinaga, gerente-médico do pronto atendimento do Hospital Sírio-Libanês. Ele diz que, considerando o cenário atual no qual não há um tratamento específico para os casos do novo coronavírus, mesmo sem testes a preferência é pecar pelo excesso. Ou seja, se a pessoa tem um quadro sintomático leve, recomenda-se o isolamento em casa e o tratamento padrão para um quadro gripal.


Se alguém relata falta de ar, possível sinal de agravamento de Covid-19, ele afirma que essa dificuldade é avaliada junto à oxigenação do sangue, à ausculta dos pulmões, à coloração dos dedos e ao esforço feito pelo paciente. Na dúvida, o médico pode ainda pedir algum exame de imagem, como uma tomografia.


No Hospital Israelita Albert Einstein, o protocolo é o mesmo. Como a falta de ar é um sintoma inespecífico, somente ela não garante teste para Covid-19 ou internação, segundo o infectologista Moacyr Silva.


Os testes para o Sars-CoV-2 estão no centro do debate sobre como lidar com a pandemia de Covid-19. Países que conseguiram fazer mais exames –e, consequentemente, rastrear contatos e isolar doentes– têm conseguido controlar a disseminação do vírus. O exemplo mais emblemático é o da Coreia do Sul.

Nesta terça (31), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que chegaram ao país 500 mil "kits de exame rápido" doados pela mineradora Vale. A ideia é que eles sejam destinados aos profissionais de saúde, para que tenham acesso rápido a diagnósticos e sejam isolados caso tenham a doença.


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