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Pandemia de Covid-19 é uma grande onda ou várias? Autoridades divergem

Ana Bottallo - Folhapress
29 jul 2020 às 09:16
- AEN-PR
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Afinal, a pandemia da Covid-19 se traduzirá em uma única e grande onda ou vai acontecer em várias ondas de contágio, com o ressurgimento de novos casos depois de uma maré baixa?

Até que a vacina surja como resolução definitiva, coisa que só é esperada a partir de 2021 e se os testes se mostrarem eficazes, espera-se que novos casos da doença continuem reaparecendo em países que supostamente haviam erradicado a enfermidade.

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Nesta terça-feira (28), Margaret Harris, porta-voz da OMS (Organização Mundial da Saúde), descreveu a pandemia do novo coronavírus como "uma grande onda" e fez um alerta contra a complacência em relação à transmissão do vírus durante o verão no hemisfério Norte. "Nós estamos na primeira onda, e vai ser uma grande onda. Ela vai subir e descer. A melhor coisa a se fazer é achatá-la e transformá-la numa marolinha aos seus pés", afirmou Margaret.

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Mas não há consenso entre os especialistas até o momento, nem mesmo entre as autoridades da OMS, sobre a definição de "ondas", uma vez que elas são caracterizadas por uma reincidência total da doença após um período zerado de novos casos da doença.

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Nas últimas semanas, o reaparecimento da doença em alguns países, provocando novos recordes diários, como Hong Kong (que atingiu o pico de 145 novos casos no último dia 27 de julho, após o mês de junho praticamente inteiro abaixo de 30 casos diários), e Japão (que registrou 927 novos casos no dia 24 de julho, com crescimento da curva a partir do dia 22 de junho), podem indicar que a epidemia nunca se erradicou, apenas regrediu.


Outros países também apresentaram uma curva ascendente após semanas de estagnação. O caso mais chamativo é o da Espanha, que registrou 6.361 novos casos no último dia 27.

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A alta fez com que o governo voltasse às medidas de restrição nos bares e restaurantes, limitasse o acesso a praias no litoral de Barcelona e decretasse obrigatório o uso de máscaras. No dia anterior, o Reino Unido decretou a quarentena forçada para qualquer viajante vindo do país ibérico.


Na França, a média móvel de casos diários cresceu 200% nas últimas semanas, e o país deixou para trás os dias em que nenhum novo caso do novo coronavírus era reportado. O governo também passou a exigir obrigatoriedade de exames de cidadãos de dezesseis países, incluindo os Estados Unidos e o Brasil, em uma tentativa de impedir a entrada de novos portadores do vírus.

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Paulo Lotufo, epidemiologista e professor titular de clínica médica da Faculdade de Medicina da USP, explica a diferença entre ondas e surtos.


"Surto é surgimento de uma enfermidade localizada que não atinge todo mundo, como por exemplo piolhos em uma escola. A epidemia é quando passa do número normal daquela época do ano para uma determinada doença ou quando ela é muito nova [como é o caso da Covid-19]", afirma o epidemiologista.

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Para ele, a impressão no caso da Covid-19 é de uma única grande onda mesmo. Lotufo afirma que a pandemia pode vir em ondas distintas, mas é preciso ter certeza que o país zerou o contágio para ter essa confirmação.


"Em Barcelona, a impressão é que não houve o fim do contágio. Já na Itália, embora a taxa de mortalidade tenha sido a mais elevada do mundo na região da Lombardia, a taxa de contágio se manteve baixa."

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Segundo o epidemiologista, no casos dos Estados Unidos nota-se uma taxa elevada de novos contágios em Nova York, no inverno, e agora número de casos diários elevados em estados como Flórida e Texas, em pleno verão americano. "Mesmo assim, não podemos falar de primeira e segunda onda no continente americano, pois essa definição só se aplica quando há erradicação completa da doença."


Para Lotufo, o padrão de sazonalidade típico de outros vírus como o da gripe não é observado para a Covid-19. "O padrão típico de Influenza tem os primeiros casos no começo do inverno, atinge um pico no meio da estação e depois cai."

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Na pandemia de Covid-19, os novos casos reportados diariamente podem indicar apenas surtos locais, provocados quando em uma parcela específica da população – por exemplo, frequentadores de casas noturnas ou templos religiosos– são registrados diversos casos com uma origem mútua.


Para fins de comparação, a gripe de 1918 (H1N1), conhecida mundialmente como gripe espanhola (batizada assim pois a imprensa ibérica noticiou intensivamente a pandemia), teve duas ondas bem demarcadas muito bem caracterizadas temporalmente.


Com cerca de 500 milhões de pessoas contaminadas em todo o mundo e mais de 50 milhões de mortes, a origem da paciente zero ainda é debatida, mas o primeiro caso foi registrado nos Estados Unidos em março. No país norte-americano, a doença se espalhou principalmente nos soldados que combatiam a Primeira Guerra Mundial. Com isso, se alastrou para o continente europeu.


Uma segunda onda da epidemia surgiu nos Estados Unidos entre setembro e novembro, ocasionando 195 mil mortes apenas em outubro. A terceira onda da doença no país veio em janeiro de 1919, com 1.800 casos novos em São Francisco e 100 novas mortes apenas nos primeiros cinco dias do ano. A doença só foi totalmente erradicada no verão de 1919.

"Espero que não tenhamos que esperar um ou dois anos para descobrir se há sazonalidade para o coronavírus. Espero que até lá a gente tenha a vacina e a história não seja contada", diz.


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