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Sem vacina, população não conseguirá brindar retorno à rotina, dizem especialistas

Carlos Petrocilo - Folhapress
24 abr 2020 às 12:29
- Geraldo Bubniak/AEN
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Ainda que o Brasil, num cenário otimista, supere logo a crise do coronavírus, a humanidade terá desafios a serem superados após o encerramento do isolamento social.

Ansiedade, depressão, medo de perder o emprego, angústia sobre a volta às aulas das crianças e ruptura de relacionamentos seja por luto ou desemprego são algumas das cicatrizes que deverão ser superadas no dia a dia, segundo especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo.
Nesta semana, um leitor, de 68 anos, enviou relato dizendo que não desejaria interromper o home office antes da descoberta de uma vacina eficaz para evitar o contágio pela Covid-19.

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A incerteza sobre as idas e vindas do risco de contágio pela Covid-19, uma sensação que na H1N1 só foi minimizada com a vacina, e o receio com o colapso no sistema de saúde devem manter parte da população em um estado de quarentena permanente.

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"A pessoa se sente num quarto escuro, com a morte batendo a porta, e nunca esteve tão silenciosa. A prevenção de hoje não é como a da Aids, na qual com uso de preservativo me protejo" diz o psicólogo Pedro Del Picchia.

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Um mês após a primeira morte pela Covid-19, o Brasil registra mais de 2.000 óbitos, segundo o Ministério da Saúde.


Com o risco de contágio cada vez mais latente, Picchia não acredita que haverá um marco zero para estabelecer um recomeço da vida.
"A humanidade não passou por isso nos últimos cem anos. Sem dúvida, vamos lembrar sempre da Páscoa separados. Do aniversário de 40 anos em que fiz meu bolo e comemorei sozinho. Cada um terá a sua lembrança."

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Com a estagnação da economia -comércios e serviços fechados desde as últimas semanas de março–, empresas lutam para manter portas abertas, e a desigualdade social tende a aumentar. Os economistas apontam que as medidas emergenciais anunciadas pelo governo não suficientes.


Em nove dias de vigência da medida provisória que autoriza corte proporcional de salários ou suspensão temporária do contrato durante a crise provocada pelo coronavírus, foram registrados mais 290 mil pedidos de acordos, segundo o Ministério da Economia.

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José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, disse em entrevista à Folha que a taxa de desemprego, hoje em 11%, deve atingir 14%.


"O medo do desemprego leva o trabalhador a uma estratégia de ter que produzir mais e mais, mas são metas que nunca são atingidas. E ele passa a aceitar assédio moral, o que gera uma carga emocional muito grande", afirma Juliana A. de O. Camilo, psicóloga e professora da PUC-SP.

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Outra consequência provável é que, por adoção espontânea ou até mesmo forçada como plano de conter gastos, parte das empresas consolide formas de trabalho implantadas na quarentena, como o home office, e outras recorram a informalidade.


Mudanças assim geram insegurança e, segundo a psicóloga Sacha Pinheiro, fazem funcionários estabelecerem longas jornadas como estratégias para mostrar sua importância na empresa, diz a psicóloga Sacha Pinheiro.

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"O trabalhador já não será o mesmo e, ao voltar, irá encontrar uma outra organização. Se ele possui quadros como depressão e ansiedade, eles poderão ser agravados, impactando a concentração e produtividade", diz Pinheiro, que atua em psicologia organizacional e do trabalho. "É fundamental que as organizações os qualifiquem para essas novas configurações, deem apoio psicológico, criem espaço de convivência e tenham grupos de acolhimento."


Para Juliana, a precarização dos contratos de trabalho, uma consequência da crise, também pode ser o gatilho para uma legião de desempregados aceitarem propostas por conta da sobrevivência. São os trabalhadores informais na linha pobreza que, segundo Juliana, foram forçados a descumprir o isolamento para garantir o básico, alimentação e moradia.

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"Por outro lado, grandes companhias já se aproveitavam [antes da pandemia] para acelerar o seu trabalho. Na crise, surgem criando novas oportunidades de ganho sem oferecer qualquer condição para o colaborador."


Na educação, para Daniel Cara, professor da Faculdade de Educação da USP, é preciso, primeiramente, acolher alunos e educadores, ambos estressados e até mesmo extenuados pelas teleaulas, sem garantia de aproveitamento do aprendizado.


Em seguida, ele defende abolir avaliações de desempenho, além de planejar atividades extracurriculares. "Por último, aumentar o tempo dos alunos na escola. O que eles mais querem é voltar para escola. Nada é mais interessante do que reencontrar as amigas e os amigos", afirma Cara.


A reportagem questionou o Ministério da Educação se há discussões em pauta para definir quais medidas as escolas devem adotar em seu retorno. Até a publicação deste texto, não houve retorno.

"Algo que não é compreendido no Brasil: a escola é um espaço comunitário. É preciso acolher, conversar, ouvir, dar relevância para as experiências", afirma o professor da USP.


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