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Covid-19

Um em cada 3 profissionais de saúde defende uso de drogas sem eficácia comprovada para Covid

Folhapress
12 nov 2020 às 11:29
- iStock
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Uma nova pesquisa revelou que um terço (33,8%) dos profissionais de saúde consideram que medicamentos podem ser utilizados para tratar Covid-19 mesmo sem comprovação de eficácia para esse fim.

Outros 66,2% defendem que remédios só sejam usados com eficácia comprovada. Quando os resultados são separados por profissão, 70% dos médicos defendem apenas o uso de medicamentos com comprovação específica para a doença, mas essa taxa cai para 61% entre profissionais de enfermagem.

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O estudo foi realizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) em parceria com a Fiocruz e a Rede Covid-19 Humanidades. Foram feitas entrevistas virtuais com 1.520 profissionais da saúde pública (médicos, profissionais de enfermagem e agentes comunitários) no Brasil, entre os dias 15 de setembro e 15 de outubro. Etapas anteriores dessa mesma pesquisa foram publicadas em maio e julho.

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As respostas foram voluntárias e não aleatórias. Por isso, não é possível fazer uma generalização para todo o universo de profissionais do país, mas os dados revelam as experiências e emoções dos profissionais de saúde pública que atuam na linha de frente no combate à Covid-19.

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Os dados revelam também que mais da metade (52,2%) dos profissionais entrevistados não recebeu nenhum tipo de treinamento específico para a pandemia.


Gabriela Lotta, pesquisadora e coordenadora do Núcleo de Estudos da Burocracia da FGV, explica que sem treinamento o profissional acaba agindo por conta própria. "A Covid-19 é uma doença nova, com informações atualizadas constantemente. Se não houve treinamento, o profissional vai experimentar sozinho novos tratamentos, vai buscar na tentativa e erro, e isso não tem nenhum cabimento."

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Embora esse indicador tenha melhorado desde a primeira rodada da pesquisa, a falta de treinamento entre os profissionais da atenção básica aumentou para 55,3%.


Para Lotta, a atenção primária foi subutilizada não só no Brasil mas no mundo todo. "Esta não é uma pandemia que colocou a atenção primária como estratégia. Os agentes políticos atacaram com a compra de respiradores, abertura de leitos de UTI, e a atenção primária ficou, desde o início da pandemia, abandonada."

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Sem uma estratégia nacional, cada município acabou decidindo sozinho como agir, mas o treinamento dos profissionais foi muito baixo. "Eles não tiveram nem equipamentos nem treinamento. Muitos profissionais foram alocados para outros hospitais, com pouco foco na prevenção."


As condições de segurança e de preparo também afetaram esses profissionais durante a pandemia. Dos entrevistados, 79,9% disseram ter medo de se contaminar com o novo coronavírus e 94,5% afirmaram conhecer algum colega de trabalho com suspeita de diagnóstico de Covid-19 ou infecção confirmada.

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A sensação de preparo é maior entre os profissionais de enfermagem (50,7%) e menor entre médicos (45,4%) e agentes comunitários (38,1%). Os últimos são também os que relataram ter recebido menos preparo: 65,7% dos agentes nunca receberam treinamento, enquanto 46,7% dos profissionais de enfermagem e 49,8% dos médicos disseram não ter recebido esse preparo.


"É preocupante porque esses profissionais estão atuando na linha de frente sem necessariamente ter segurança do que estão fazendo e com muito medo", diz Lotta.A falta parcial ou total de equipamentos de proteção individual (EPI) foi também uma das dificuldades reportadas pelos profissionais de saúde. Novamente, os agentes comunitários foram os mais afetados: 49,2% deles disseram nunca ter recebido ou recebido uma ou poucas vezes durante a pandemia os EPIs, contra 40,3% dos médicos e 30,3% dos profissionais de enfermagem.

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A percepção do combate à pandemia pelo governo nas três esferas - municipal, estadual e federal - também foi analisada na pesquisa. Enquanto 65,7% classificam como negativa a ação do governo federal, especialmente nas ações de proteção aos profissionais de saúde, o governo estadual (48,1%) e o municipal (44,6%) foram, em geral, melhor avaliados.


A pandemia revelou ainda que 79% participantes sentiram impactos negativos na sua saúde mental, embora menos de um terço (28,4%) tenha recebido apoio para isso.

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Os profissionais de enfermagem foram os que se disseram mais impactados (80%). Um estudo realizado em setembro pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) mostrou que 87% dos profissionais de enfermagem tiveram sintomas da síndrome de burnout durante a pandemia.


Além do esgotamento físico e mental devido à carga de trabalho, 34% dos profissionais declararam ter sofrido assédio moral no trabalho (como a obrigação de trabalhar sem EPIs ou profissionais de grupo de risco que não foram afastados). Esse número aumentou 4% desde a rodada anterior.


Quando questionados sobre se o assédio moral sofrido piorou ou se manteve igual desde antes da pandemia, 17% disseram ele aumentou, enquanto 7% relataram o assédio começou na crise sanitária.

A pesquisadora afirma que a segunda etapa da pesquisa avaliou a relação contratual com assédio moral sofrido e viu que os profissionais com vínculos contratuais mais vulneráveis, como os terceirizados e celetistas, foram os que mais sofreram assédio. "Um profissional estatutário dificilmente vai ser obrigado a trabalhar mesmo sendo grupo de risco, mas com o terceirizado há o risco de perder o emprego", diz.


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