Meu trabalho exige que eu ande de carro. Além dos horários flexíveis que preciso cumprir, o local de treinamento não me permite viajar de trem. Então é aquele negócio de enfrentar congestionamentos, esperar que a sorte ajude o farol ficar verde e torcer como um doido para não me envolver em nenhum acidente. É uma leve tensão diária.
O Japão tem uma das maiores e melhores malhas ferroviárias do mundo. Praticamente todas as cidades, bairros e vilas são interligadas por trens que circulam desde logo cedo. A maioria é bem confortável e cumprem os horários determinados religiosamente dando assim para programar o seu dia. Para quem trabalha com horários fixos é uma mão na roda.
Eu, infelizmente não posso usufluir desse privilégio de sentar num dos vagões, descansar meu corpo ou navegar na Internet. Então o jeito é perder quase duas horas somente para ir ao trabalho ouvindo os mesmos programas no rádio. Eu compreendo, pois nem tudo é como gostaríamos.
Neste final de semana andei de trem. Não foi uma viagem longa, mas deu para sentir a diferença no conforto e principalmente no tempo economizado, além de poder ficar planejando, pensando e até sonhando com o dia de amanhã.
Sei que foi uma coisa simples, cotidiana para muitos, mas que para mim serviu para sair da rotina, ver e ouvir coisas diferentes. Carregando esse sentimento por um ato tão banal é que vou descobrindo como necessitamos de mudanças, radicais ou não. Acho até que as percepções que temos do mundo ao nosso redor vem das constantes alterações de rumos que precisamos tomar durante a nossa jornada. Que em breve, eu possa repetir essa experiência novamente.

Trens